A peça, um monólogo escrito e encenado por Eduardo Gaspar e interpretado por Rita Ribeiro, estreou-se no ano passado no Teatro Rápido, em Lisboa, sendo depois alargada a uma obra com cerca de uma hora e tendo já recebido distinções como um prémio Média da Rede Ex-Aequo..Eduardo Gaspar disse à Lusa que há uma "grande vontade" de chegar ao Porto, onde está "muito curioso para saber a resposta do público em relação a este trabalho", que imagina a mãe de Gisberta, sem-abrigo morta em fevereiro de 2006 por um grupo de menores depois de sofrer agressões ao longo de vários dias, tendo o corpo sido encontrado submerso no fosso de um prédio inacabado, no Campo 24 de Agosto.."Achei interessante poder abordar este tema, não só do assassinato, como da relação da mãe, que é uma relação fictícia porque não sei qual era a relação da mãe da Gisberta com ela, que inicialmente era um menino, mas sempre desconfortável com o seu corpo e a sua identidade e como é isso para uma mãe, a dificuldade em aceitar essa realidade que é tão complexa e eu sempre [me] engasgo um pouco para falar porque é tão complexo que tenho medo de dizer alguma besteira", reconhece Eduardo Gaspar..O autor do texto e encenador lembra que se trata de um caso que não é único e que se situa num entorno de "desrespeito e de falta de amor"..Eduardo Gaspar destaca a atualidade do espetáculo e constata que há um "ódio que ainda existe dentro das pessoas", mesmo que pareça que não, dando o exemplo das redes sociais.."A gente vê quanto preconceito ainda existe, o quanto as pessoas ainda estão imbuídas desse ódio, dessa revolta", lamenta o encenador de "Gisberta"..A peça vai estar em cena no Rivoli entre a próxima quinta-feira e 16 de fevereiro, às sextas-feiras e aos sábados às 21:30 e aos domingos às 18:00.